Policias civis protestam contra Waldez na AL
Por Eduardo Neves
Na manhã desta terça-feira, 10, cerca de 100 policiais
civis estiveram na Assembleia Legislativa, para protestar contra o
descaso do governador Waldez Góes (PDT/AP), com a categoria.
O presidente do Sindicato dos Policias Civis do Amapá (Sinpol/AP),
Glauber Pacheco, usou a tribuna da Casa a pedido do deputado estadual,
Camilo Capiberibe (PSB/AP), para esclarecer a atual situação
da classe no Estado.
Ao iniciar seu discurso, o presidente do Sinpol, disse que há
duas semanas o sindicato esteve reunido com o governador Waldez, para
discutir o reajuste salarial que está defasado a mais de sete
anos, bem como as péssimas condições de trabalho
da categoria. “E nós recebemos a informação
de que não seria possível conceder aumento salarial”,
relatou Glauber, ao esclarecer que como forma de protesto os policiais
civis entraram em greve. “E agora a cinco meses do governador
deixar o mandato é que não vai sair mesmo o reajuste”,
ressaltou.
Glauber Pacheco, disse que há uma disparidade enorme do que
é pago a um agente, comparado ao salário que recebe
um delegado de polícia. “Hoje os policias ganham 23%
do que ganha um delegado. É necessário questionar porque
o governador está dando esse tratamento a nossa categoria?”,
questionou o presidente do Sinpol, ao receber da platéia a
seguinte resposta. “É pra tratar bem a primeira dama,
Marília Góes, esposa dele que é delegada”,
ironizou um manifestante.
De acordo com o Sinpol, durante os últimos três anos
o governo do Estado, concedeu 135% de aumento aos salários
dos delegados. “Hoje o salário é de R$14.700,00.
Eles ainda têm cargos comissionados e ganham mais R$1.700 e
a previsão para o ano que vem é que o salário
seja equiparado aos dos juízes, que é de R$17 mil”,
disparou Glauber, ao denunciar que em muitos casos não tem
delegado de plantão nas delegacias. “Só tem Agentes
e Escrivãos, estes não faltam, dão a cara à
tapa”, desabafou Glauber, ao denunciar que numa delegacia a
titular vende produtos da Herbalife durante o plantão.
CONDIÇÕES DE TRABALHO - Além
da equiparação salarial ao teto de 70% do que ganham
os delegados, a falta de condições de trabalho é
outro problema levantado pelos policias civis. Segundo a categoria,
a situação dos Centros Integrados de Segurança
Pública, os CIOSPs, é preocupante pois eles estão
todos insalubres. “Porque desde 2001, estão sem reforma”,
informou.
A falta de equipamentos para as atividades dos agentes também
foi denunciado pelo presidente do Sinpol. “Hoje apenas 50% dos
policias tem armas. São 60 coletes pra cerca de 1.240 agentes.
Nós estamos tolidos na prática da nossa atividade, porque
não tem viaturas”, disse Glauber, ao informar que os
computadores que são utilizados no trabalho, na maioria das
vezes são dos próprios policias.
Ao ouvir o relato do presidente do Sinpol, o deputado estadual Camilo
Capiberibe (PSB/AP), disse estar solidário ao apelo da categoria,
mas, fez questão de dizer que de 2001 a 2009, o orçamento
do Governo do Estado do Amapá, saiu da ordem de R$1bi para
R$2,5 bilhões. “Esse aumento do orçamento do Governo,
não se reverteu em aumento de salário para os policias
civis, que estão sendo mau tratados pelo governador Waldez”,
ressaltou Camilo, ao enfatizar que é essa a retribuição
do governador Waldez por sua reeleição ainda no primeiro
turno. “É o esquecimento, a omissão, o desmonte
da policia interativa, dos CIOSPs e da política de segurança
pública que existia”.
A greve dos policias civis encerrou nesta segunda-feira, 09, após
o Sinpol ter sido notificado pela Justiça de decisão
do Juiz Mário Mazurek que considerou a greve ilegal. “Vamos
continuar o movimento com carreata e caminhada. Fecharam o nosso poder
de greve, mas não fecharam o nosso direito de contestar”,
retrucou Glaber Pacheco, ao ouvir do deputado Camilo, que será
formado um grupo de parlamentares da AL para intermediar as negociações
com o governo do Estado.