Amcap e a loura burra
Por Ademir Pedrosa*
O presidente pretérito da Amcap (Associação
dos Músicos e Compositores do Amapá), Marcelo Dias,
não realizou o festival de música do ano passado porque
era candidato àquela eleição municipal, e estava
muitíssimo ocupado com sua campanha rastaquera.
Foi eleito, é verdade. Da Amcap, pelo que sei, os únicos
que votaram nele foram os integrantes da diretoria e mais a secretária
das nádegas calipígias. O ex-cover dos Menudos, hoje,
é vereador. Mas se não fosse o kubitschek dos outros...
O hiato que criou com a não realização do festival,
resultou num final desastroso de sua administração.
O episódio do assalto à Amcap é algo tão
sinistro, capaz de botar qualquer Hitchcoock no chinelo.
Todas as vezes que me lembro do assalto, sou tomado por um calafrio
que me arrepia os pelos dos poros, e a musiquinha macabra do suspense
do banheiro se repete em meu inconsciente: cri!, cri!, cri!, cri!...
Recebi recentemente a ilustre visita do Capi em minha casa. Dentre
tantas coisas que conversamos, confessei-lhe que me alfabetizei lendo
gibis, as revestinhas em quadrinhos. E ele me revelou que se deu com
ele a mesma coisa; e que além de ter aprendido a ler os balões
dos quadrinhos, ele imitava as onomatopeias das histórias:
cabrum!, tá-tá-tá!, tum-tum-tum!...
Nosso universo imaginário tinha trilha sonora e efeitos especiais.
Achei formidável por ter tido uma alfabetização
pouco ortodoxa. Creio que o Capi também. Calma, leitor, eu
não divaguei à toa. Eu falava sobre o assalto à
Amcap e botei lá a musiquinha para ilustrar o pavor que sinto
daquele episódio.
Quando me referi ao Capi, foi pra pedir a opinião dele, já
que em sua tenra infância já entendia de onomatopéias.
Quero saber se meus ruídos onomatopaicos são verossímeis,
convincentes: cri!, cri!, cri!, cri!... Se não são -
pouco importa. Aquele assalto é que foi inteiramente inverossímil.
A Amcap tem novo presidente, Cléverson Baía. Os integrantes
da diretoria são as mesmas figurinhas carimbadas de sempre.
Revezam-se entre si. Só quem não larga o osso é
o Amadeu Cavalcante que é diretor financeiro desde o século
passado. Os outros são favas contadas, de vez em quando vai
um pro gol.
Depois de um hiato sem festival, a Amcap se prepara para realizar
mais um. E já faz, de cara, gol contra. Leitor, você
observar o pré-conceito que se tem com a boa música.
O artigo 26º, (VIII - Disposições Gerais)
que diz respeito ao ineditismo das músicas, proíbe a
participação de músicas premiadas de outros festivais.
Ora, uma música premiada pressupõe-se que seja boa,
pois já foi julgada como tal. A Amcap que deveria preconizar
a música de qualidade, porém faz justamente o contrário,
condena a composição e tira do compositor a oportunidade
de divulgar sua obra. Ou até fazê-lo ganhar alguns trocados,
por ela merecê-los. A Amcap fez uma alteração
nesse artigo do regulamento e a emenda ficou pior do que o soneto.
Pro leitor não achar que estou delirando, veja a patacoada
que eles são capazes de fazer. Proíbem a participação
de músicas premiadas em nosso Estado, e permitem músicas
premiadas em outros Estados da Federação. O prejuízo
do gol contra é duplo, por ser ilícito, foi feito com
a mão.
Quer dizer, o Pará, nosso vizinho geminado, seus compositores
vão poder participar, com obras premiadas, de nosso festival;
e nós, amapaenses, não. Santo Deus!, eu não sei
de que cartola eles tiram esse coelho. Um absurdo. Não vamos
nos esquecer, meu caro leitor, que a bossalidade é a burrice
metida à besta. Francamente...
O cabeçudo do Cléverson - presidente aclamado
da Amcap, e não eleito -, disse que vou ser tratado a
pão água, e me acusou de inadimplência de duas
anuidades. Mentira! Quando fui receber a premiação pelo
3ºLugar de minha música, Chuva dos deuses da chuva, cobraram-me
a anuidade de 2007, e o adiantamento de 2008. Como o leitor pode notar,
eu sou mesmo um sujeito generoso, cumpro meus compromissos com a associação,
antes mesmos de vencê-los.
E antes que me peçam provas, vou dar-lhes daqui mesmo. A diretoria
da Amcap vai ter que me apresentar o bloco de recibos com o canhoto
do meu pagamento. Tem que existir esse bloco, e junto com ele os canhotos
enumerados de suas páginas. Se porventura, sumiu-se algum bloco
ou a página de algum recibo, vai caracterizar má-fé.
Portanto, há de aparecer os meus recibos, porque eu paguei
e tenho testemunha. Sei que a burrice é invencível,
e quer ganhar sempre no coice. Se algum cretino pagar pra ver, eu
aceito o desafio. Não custa nadica de nadas uma representação
judicial. Rum!, tomara ver...
E aviso aos navegantes: vou participar do Fecam (Festival da Canção
do Meio do Mundo). Embora eu me sinta que nem a loura que viu uma
casca de banana na calçada de sua caminhada, e disse: “Putz!,
lá vai eu cair outra vez...” É assim que me sinto
quando vou participar de um festival da Amcap, um jumento a zurrar
escandalosamente.
*Ademir Pedrosa, compositor associado da Amcap.