O grito dos excluídos no Amapá.
Macapá: Presentes cerca de 300 pessoas,
de pastorais, paróquias, sindicatos, cidadãos/ãs...jovens,
crianças.
Parada em frente ao posto de Saúde, com proclamação
da Palavra e encenação de situações de
violência, insegurança e exclusão, feita por um
grupo de jovens e adolescentes
Parada em frente a um colégio, denunciando as situações
de injustiças e exclusão presentes nos bairros percorridos.
Todos os presentes receberam um apito e foi feito um forte e prolongado
apitaço, como forma de protesto e em apoio aos moradores.
Parada em frente à penitenciária feminina, lembrando
as mulheres e mães presas, as crianças presas com elas,
as famílais dos presos/as muitas delas residindo nos bairros
percorridos pelo Grito.
Foram recolhidas ofertas espontâneas, para ajudar familias
de presos e de vítimas da violência. Foi rezado o pai
Nosso, de mãos dadas e estendidas rumo à penitenciária,
em sinal de comunhão e fraternidade.
Parada em frente à cadeia masculina: lembramos os mais de
1500 presos, em sua maioria jovens com menos de 30 anos. Lembramos
os jovens assassinados na cadeia, em 2009.
Lembramos e rezamos por todos que alí vivem e pelos que trabalham:
funcionários, agentes, policiais, coordenações,
sobretudo pelos que estão num esforço sincero de respeito
à dignidade das pessoas presas.
Denunciamos as violências, os abusos, as violações
de Direitos Humanos. A superlotação, as condições
degradantes, a humilhação dos familiares, a falta de
trabalho, de estudo, de programas de ressocialização,
de assistência à saude, as delongas burocráticas
e processuais .... Encerramos com o canto da Oração
de São Francisco, de braços erguidos, formando uma ciranda,
aberta na direção dos portões da cadeia, em sinal
de acolhimento, inclusão, fraternidade, paz.
Encerramento foi na Igreja do Bairro Cabralzinho, à sombra
das plantas, que no refrescaram do calor da caminhada, cantamos juntos
o hino nacional e nos demos a bênção do Deuteronomio.
Antes da volta, foi servido um lanche, fruto da partilha dos grupos
de articulação do Grito e como sempre, quando o povo
reparte: todos comeram, recobraram as forças pro retorno e
ainda sobraram muitos pães e suco, que serão distribuidos
entre as famílias dos bairros Marabaixo.
Ao longo da caminhada e na chegada foram coletadas assinaturas para
o Ficha Limpa.
Laranjal do Jarí (Sul do estado) 450 pessoas
Oiapoque: (xtremo Norte do estado, fronteira com
Guiana francesa)poucas pessoas, caminhando e reivindicando mais segurança
e denunciando a exploração da prostituição
infantil, inclusive além fronteira.
Porto Grande: Missa à noite onde foi celebrado
o Grito e coletadas assinaturas para o Ficha Limpa.
Calçoene: celebrará o Grito no próximo
dia 13.
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Segunda-feira, 7 de Setembro de 2009
GRITO DOS EXCLUÍDOS
Hoje, dia 07 de setembro, dia em que se comemora a independência
do Brasil, a Igreja católica, como vem fazendo há 15
anos, organizou o "GRITO DOS EXCLUÍDOS", onde a multidão
percorreu várias ruas do bairro Marabaixo até a Penitenciária
de Macapá. Muitos carregaram nas mãos protestos escritos
e outros falaram em alto e bom som da falta de respeito pelos direitos
humanos, principalmente, pelos presos de nosso Estado, geralmente
pobres, enquanto muitos ricos corruptos permanecem sem punição.
Na verdade, não é difícil perceber que a exclusão
social cresce e se aprofunda de ano para ano, negando à maioria
do povo amapaense os direitos fundamentais à vida, ou seja,
o direito a uma real e justa cidadania. Povo desempregado. Povo sem
saúde digna. Povo sem segurança eficaz. Povo sem direito
ao voto livre e consciente.
O Grito dos Excluídos, neste dia 07 de setembro, fez denúncia
da ausência de políticas públicas, necessárias
e suficientes, para garantir ao cidadão amapaense o mínimo
de seus direitos fundamentais.
Nesse dia, os microfones não são loteados pelas entidades
de apoio, nem por lideranças sindicais ou políticas.
Elas são sempre bem vindas, é claro, mas como retaguarda
e garantia à voz dos excluídos. A palavra e o grito
permanecem abertos aos interesses reais dos próprios excluídos.
O "GRITO DOS EXCLUÍDOS", que teve início
às 9:00 horas, é antes de tudo, uma dor secular e sufocada
que se levanta do chão. Dor que se transforma em protesto,
cria asas e se lança no ar. De ponta a ponta do país
ou do continente, o povo solta ao vento o seu clamor, longamente silencioso
e silenciado. É um grito que ganha os ares, entra pelas portas
e janelas, toma os espaços. Tem como objetivo unificar todos
os gritos presos em milhões de gargantas, desinstalar os acomodados,
ferir os ouvidos dos responsáveis pela exclusão e conclamar
todos à organização e à luta. É
o grito dos empobrecidos, dos indefesos, dos pequenos, dos sem vez
e sem voz, dos enfraquecidos - numa palavra, o grito dos excluídos!
Aproveitando a oportunidade, no mês da Bíblia , os jovens
do bairro Marabaixo destacaram que a palavra de Deus deve ser colocada
em prática, principalmente, como veículo de proteção
e de apoio aos mais necessidados e excluídos.
O Grito, através de jovens do Marabaixo, em encenação
teatral em plena rua, apontaram os erros e os crimes desse modelo
excludente. Mostraram as formas concretas de ação popular,
no sentido de contribuir para a transformação da sociedade,
de construir um desenvolvimento econômico participativo e sustentável,
respeitando a vida e a natureza. Alertaram para o apoio as iniciativas
populares, ao respeito das diferenças, ao fortalecimento das
organizações de base e das mais variadas formas de luta.
Lembraram, ainda, que os cidadãos amapaenses têm em sua
história uma imensa fonte de resistência, uma memória
viva, criativa e ativa na busca de novas alternativas.
O "GRITO DOS EXCLUÍDOS" é um movimento da
Igreja católica que luta há 15 anos por uma nova sociedade
em que a política e a economia estejam submetidas a imperativos
éticos. E exige prioridade com a reforma agrária e agrícola,
a educação, a saúde, a moradia, o trabalho e
o salário justo para todos, a defesa das terras indígenas,
o incentivo à produção familiar e comunitária,
a garantia das leis trabalhistas, o respeito ao meio ambiente, o lazer
- enfim, uma sociedade onde todos se sintam devidamente integrados
como verdadeiros cidadãos.