CPI da Assembleia ouve família das vítimas
da pedofilia no Estado
Após ouvir na última quinta-feira (17) o depoimento
de Luiz Carlos Pires Souza e Marly Vasconcelos da Silva, tio e mãe
de um dos menores acusados da morte do diretor da Escola Estadual
Graziela Reis de Souza (EEGRS), professor Mauro Cezar Corrêa
da Silva, de 44 anos, encontrado morto no dia 28 de agosto deste ano
em um matagal do bairro Renascer, zona Norte de Macapá, a Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, da Assembleia
Legislativa do Estado do Amapá, ouviu em sessão reservada
na tarde de ontem, os pais da menor I.S.C, vítima de pedofilia,
praticado por Anderson Richard de Morais, membro do Conselho de Ética
do Conselho de Segurança Pública do Bairro Congós
(CONSEG) em Macapá.
Anderson ficou esperando a menina em uma praça em frente ao
Centro Integrado de Operações em Segurança Pública
(CIOSP), quando ela saiu da escola onde estuda, foi abordada e levada
para um veículo que estava estacionado atrás do CIOSP,
sendo visto por outra menina que imediatamente chamou a polícia.
Anderson Morais foi preso em flagrante por uma equipe da Polícia
Civil, quando estava assediando sexualmente a menor de 12 anos de
idade. Os policiais deram voz de prisão ao pedófilo
que depois de ser ouvido foi conduzido à Delegacia da Mulher
e em seguida para o Instituto de Administração Penitenciária
do Amapá (IAPEN).
Devido a sua ficha de crimes, a polícia passou a monitorar
os passos do pedófilo e tem uma lista com aproximadamente 20
nomes de meninas que teriam sido abusadas por ele que usava a influência
de ser conselheiro para cometer seus crimes. Há indícios
da prática de comercialização sexual e farras
em locais fechados, onde Anderson levava as meninas para clientes
e amigos. Alguns nomes já estão nas mãos das
autoridades. A polícia suspeita ainda, que o elemento estava
montando uma escola de informática de fachada que seria mais
uma arma contra as meninas, inclusive um convênio estava sendo
fechado com o Conselho de Segurança Pública do bairro.
Moradores do bairro também denunciaram que Anderson gostava
de viver metido em entidades, principalmente às que lidasse
com crianças. Ele fazia parte da Pastoral da Criança
nomeado pela Diocese de Macapá. Era envolvido com uma escola
de samba, bloco carnavalesco e uma quadrilha junina.
A mãe de Anderson, Maria de Jesus, que é Coordenadora
da Catequese da Maria Mãe da Igreja do bairro, disse que em
algumas oportunidades, ele aproveitava-se também de algumas
meninas que integravam a Catequese. Testemunhas dizem que ele assediava
uma menor de aproximadamente 15 anos que faz parte da equipe de coroinhas.
As testemunhas informaram que viram muitas vezes o elemento com as
meninas da catequese e que chegaram a avisar pessoas da coordenação
da Igreja, mas que nada teria sido feito, tanto é que o elemento
continuava agindo impunemente.
Professores das escolas onde o pedófilo atuava e que também
não quiseram se identificar, apenas na CPI, disseram que muitas
vezes viram o Anderson assediando alunas e meninas do bairro em via
pública e que por muitas vezes levaram os fatos ao conhecimento
do Presidente do Conselho, mas que também nada havia sido feito.
“Ele quando vinha aqui em nossa escola, chamava atenção
de uma criança com tanta autoridade que nós ficávamos
surpresos, mas em seguida, ele partia para o assédio. Eu mesmo
cheguei a denunciar”, disse um professor que ofereceu denúncia
a CPI da Pedofilia da Assembléia Legislativa do Estado. “Espero
que os pais ou responsáveis das menores que foram vitimas desse
monstro, possam fazer o mesmo”, disse a avó da menor
gestante que não quer se identificar.
O pai da menor de 12 anos que originou a prisão em flagrante,
está em estado de choque. “Eu perdi o prazer. Não
consigo me acalmar. Eu nunca pensei que isso fosse acontecer”,
disse o pai trêmulo e chorando. “Eu pensei que era só
a minha filha que havia sido abusada por esse animal, mas agora que
estou vendo o sofrimento de outras famílias, eu estou tendo
mais forças para trabalhar e tentar acalmar o meu esposo. Agora
eu vou até o fim dessa história, não vou recuar
nenhum passo”, disse a mãe da menor também bastante
nervosa, porém com decisão.
As autoridades que estão investigando o caso, disseram que
não fraquejarão e, quem estiver praticando abuso contra
as crianças, responderão pelos seus crimes. “Pedimos
a todas as pessoas, pais ou responsáveis que conversem com
suas filhas e, se descobrirem qualquer tipo de envolvimento com esses
elementos que, por favor, nos procurem. Prometemos guardar o máximo
sigilo. Podem nos procurar a qualquer hora aqui mesmo no prédio
da Assembléia”, pediram os deputados estaduais.