Quarta-feira é dia de julgamento: dia de justiça?
Camilo Capiberibe
É muito difícil escrever sobre um processo sendo parte
dele, pois pode parecer, e vai terminar parecendo, que defendo o meu
lado. Mesmo assim, me arrisco a abordar este tema, sabendo que um
julgamento fundamental para os destinos de nossa cidade se dará
nesta quarta-feira, 12 de agosto, quando o TRE decidirá o mérito
de dois processos que envolvem a cassação do prefeito
Roberto Góes e sua Vice Helena Guerra. Desde criança
assistimos nos filmes de Hollywood e mesmo nos seriados da TV, nos
enlatados e nas novelas que existe uma moral em cada história.
Nas fábulas nos foi ensinado que andar pelo caminho certo é
uma receita infalível que nos conduz em segurança ao
nosso destino. Se Chapeuzinho Vermelho erra é ao buscar o caminho
mais fácil, o atalho perigoso pelo meio da floresta.
No caso das eleições 2008 não vou repisar que
houve compra de votos e nem que o abuso de autoridade garantiu a distorção
do princípio democrático, isso já ficou consolidado
para a opinião pública pelas quatro sentenças
prolatadas pela justiça eleitoral. As medidas liminares concedidas
ao Prefeito cassado Roberto Góes passam para a sociedade a
sensação de que as decisões de primeira instância
não tem valor legal, essa sensação é equivocada
e o próprio destino do nosso município não pode
ser medido pelas razões que fundamentam a concessão
de uma liminar.
A liminar busca entre outras coisas, mas fundamentalmente, impedir
até o julgamento do recurso, um vai-e-vêm de ocupantes
no Palácio Laurindo Banha, o que ao meu ver, de parte no processo,
é uma medida responsável e que atende aos melhores interesses
da população. Ainda que a percepção seja
a de que Roberto Góes fraudou e que nos processos essa percepção
seja corroborada pela quantidade de provas coletadas pelo Ministério
Público Eleitoral ou pela Coligação Frente pela
Mudança, a liminar garante uma segurança para o cidadão
e para a cidadã macapaense de que até que se conclua
o segundo grau de jurisdição, ou seja, o julgamento
em grau de recurso no TRE, uma pessoa apenas vai comandar os destinos
do município.
Mas, afinal o que estará em jogo na quarta-feira durante os
julgamentos do prefeito e de sua vice? Ninguém em sã
consciência é capaz de negar que houve crimes eleitorais
e que as provas estão dentro dos processos que serão
julgados, isso já foi indicado pelos julgamentos em primeira
instancia. O TRE do Amapá terá em suas mãos a
possibilidade de reafirmar que o que aprendemos desde crianças
é o certo. A educação que nós na civilização
ocidental recebemos é corroborada com os atos prolatados pelas
instituições. Ninguém deve se enganar quanto
as minhas expectativas pessoais para o dia 12 de agosto. Confio na
justiça e acredito que o resultado do julgamento vai valorar
o conceito de que a justiça deve prevalecer e o de que quem
erra deve pagar.