Remédios são roubados de dentro do hospital de clínicas
Texto e fotos: Emanoel Reis
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Medicamentos
para tratamento de câncer que custam em torno de R$ 850,00 a
caixa com 20 comprimidos desapareceram misteriosamente do depósito
da Farmácia Ambulatorial do Hospital Geral (HG), localizado
na avenida FAB, Macapá. Os crimes ocorrem desde novembro passado,
mas, somente agora foram denunciados pelos quatro funcionários
que trabalham no local. Inclusive, já chegou ao conhecimento
da Polícia Civil, por meio de um boletim de ocorrência,
em que o autor do BO denuncia os furtos.
O assunto foi mantido em sigilo até a manhã de sexta-feira,
27. Porém, o funcionário Luís Gonzaga, 63 anos
de idade e há 22 no serviço público, procurou
o deputado estadual Camilo Capiberibe (PSB), presidente da Comissão
de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá,
para informar sobre os furtos que, segundo ele, ocorrem com frequência
no depósito da Farmácia Ambulatorial. Remédios
que deveriam ser doados às pessoas carentes, em tratamento
de câncer ou de outras doenças como hanseníase
e tuberculose, simplesmente desapareceram do depósito. São
remédios caros, raramente adquiridos pelo Governo do Estado.
Um prejuízo aos cofres públicos que, segundo ele, ainda
não pode ser mensurado
Conforme Luís Gonzaga, o clima entre os funcionários
está numa tensão crescente porque a direção
do Hospital Geral de Macapá os incluiu na lista de principais
suspeitos de envolvimento nos crimes. No entanto, afirma ele, as acusações
são mentirosas e têm o objetivo de desviar os holofotes
dos verdadeiros culpados. "Lamentável é que nós,
funcionários, estamos vivendo uma situação delicada,
suspeitos de um crime que não cometemos".
Outra denúncia de Luís Gonzaga igualmente surpreendeu
o deputado Camilo Capiberibe. De acordo com o funcionário,
há mais de dois anos o depósito em que os medicamentos
são armazenados não é higienizado. A sujeira
pode ser percebida à olho nu. Estantes empoeiradas, com teias
de aranha, caixas vazias de todos os tamanhos, amontoadas nos cantos,
e cetenas de remédios acondicionados desleixadamente completam
esse cenário de debacle.
Gonzaga também informou ao pessebista que o sistema interno
de vigilância não funciona há, pelo menos, um
ano e meio. As duas câmeras - uma delas oculta numa das estantes
e a outra embutida dentro de um velho aparelho de televisão
- são "peças de museu" e não garantem
"a segurança de nada", alardeia ele. "Quem entra
no depósito age tranquilamente", arrematou Gonzaga, acrescentando
que a responsável pela Farmácia Ambulatorial do Hospital
Geral, Carolina Almeida, vem sendo pressionada pela direção
do HG para assumir a responsabilidade pelos misteriosos sumiços
de remédios para tratamento de câncer. "Mas isso
não vai ficar assim", bradou Gonzaga.