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A questão ambiental e os candidatos
Arnaldo J. Ballarini
Mestre em Desenvolvimento Regional /UNIFAP
Ao assistir o debate entre os candidatos postulantes a prefeitura de
Macapá, observei que há preocupação dos mesmos
com a questão ambiental, mas também pouca informação
sobre o assunto ao abordarem o tema. Este texto tem o propósito
didático de contribuição aos candidatos, para que
abram novos horizontes de prioridades para nossa cidade. Em cima do que
foi dito irei desmitificar algumas idéias como a preservação
de nosso Estado.
Primeiro, o Estado do Amapá, não é o mais preservado
da federação por ações governamentais diretas,
pois as políticas publicas implantadas não foram suficientes
ou mesmos diferenciadas para ostentarmos este privilégio, tampouco
a consciência da nossa população em relação
a nossa fauna e flora. Estamos no estado mais preservado pela fraca dispersão
populacional no meio rural, isso é a grande maioria dos amapaenses
vivem em cidades e a densidade no campo é uma das menores do país.
Possuímos apenas 16 municípios onde a quase totalidade está
localizada na faixa territorial próxima ao Rio Amazonas e o restante,
é praticamente desabitada. Essa relação tem como
tendência a aumentar e piorar, visto que nas últimas décadas
aumentou-se abruptamente a urbanização das cidades amapaenses
e diminuíram as atividades ligadas ao campo, causando um êxodo
rural.
Segundo, a barreira geográfica do rio Amazonas ajudou a limitar
as atividades extrativistas, madeireira, mineral, agroindústrias
e outros. Hoje, com a escassez em outros lugares está o Amapá
se tornando viável para essas atividades econômicas que causam
danos ambientais.
Terceiro, o distanciamento do Amapá em relação aos
centros industrializados tornando oneroso o transporte de matérias-primas.
Também está se invertendo essa relação com
a facilidade dos transportes fluviais nos comboios de balsas e ampliação
do aeroporto.
Senhores candidatos, o problema de meio ambiente no Amapá é
urbano, ligado a antropização do meio. Muito se fala sobre
ressacas, questão do lixo urbano, praças, arborização,
mas, o mais grave problema ambiental em Macapá e Santana não
é visível, que é a contaminação das
águas subterrâneas. São quase 500.000 pessoas utilizando
o subsolo para acomodar seus dejetos. Perguntamos: até quando essas
águas irão suportar o esgotamento das fossas?
Nossos lençóis freáticos e os profundos já
demonstram saturados em diversos pontos da cidade. As amostras das águas
de poços em Macapá, quase na totalidade é imprópria
por contaminação fecal (fezes).
Agrava-se o quadro pelo fato de que nem todas as pessoas são assistidas
pela rede pública de abastecimento de água. Nossa geologia
mostra que nosso solo é de fácil permeabilidade para contaminantes,
carreando o material fecal com facilidade para o subsolo, contaminando
nossos rios subterrâneos. E, é essa água que a gente
bebe principalmente as famílias da periferia que se utilizam de
poço amazonas ou mesmo artesianos.
Pensem senhores candidatos que é importante manter nossos parques,
estações ecológicas, reservas, a integridade das
ressacas e buscar soluções definitivas para a questão
do lixo. Mas o problema gritante que precisamos resolver de imediato está
bem a nossa frente, ou melhor, embaixo de nossos pés.
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